Especialidades odontológicas

Prevenção para quem? Quem sai ganhando, o paciente ou o dentista?

Convidamos você a refletir sobre a questão a seguir: Será que “Prevenção é o procedimento de melhor custo-benefício para o paciente”? Ou será que “Prevenção é o procedimento de melhor custo benefício para o dentista”. Confira a seguir o depoimento da Dra. Patrícia dos Santos Jardim a respeito deste tema!


Tenho certeza que você já escutou a seguinte frase: “prevenção é o procedimento de melhor custo-benefício para o paciente”. Apensar disso, a grande maioria dos profissionais ainda não oferece este benefício para os pacientes como rotina no consultório. A justificativa mais comum é que os pacientes não dão valor a prevenção, que os motivos que os levam a nos procurar é a estética ou a dor. Não podemos deixar de concordar com essa realidade. Mas hoje, queremos te convidar a olhar por outra perspectiva: “prevenção é o procedimento de melhor custo benefício para o dentista”. Talvez, o que está faltando é nos convencermos do valor agregado que o tratamento preventivo oferece para nós, profissionais, para a partir daí estarmos motivados a convencer nossos pacientes a investir em tratamentos preventivos.

Quando ouvimos a palavra prevenção, nos limitamos a pensar em profilaxia e flúor. Mas se sairmos dessa zona de conforto, um mundo de privilégios se abre para o profissional. Quantas vezes você deixou passar a oportunidade de prescrever e individualizar a escova e o creme dental corretos para seus pacientes? Isso mesmo: prescrever! Toda vez que você se mostra genuinamente preocupado com alguém, uma conexão emocional é gerada. O paciente se sente acolhido, cuidado e único. Essa conexão emocional é a grande responsável pela fidelização, pois gera credibilidade. E nós só estamos fazendo o que é da nossa responsabilidade: educando as pessoas sobre como manter a saúde bucal em dia!

Vamos avaliar outra realidade. A expectativa de vida aumentou significativamente. Segundo Marchini, et al (1999) e Petersen;Yamamoto (2005), em 2005, cerca de 600 milhões de pessoas teriam uma idade igual ou maior a 60 anos e, estima-se, este número será o dobro em 2025, podendo alcançar 2 bilhões de pessoas, 80% deles vivendo em países em desenvolvimento. Estamos vivendo mais, e com a idade vem algumas limitações de saúde, como a diminuição da motricidade muscular e uso de medicação diária para controle de doenças sistêmicas que, em muitos casos, leva a xerostomia. São pacientes que voltam para a zona de risco, principalmente de cárie radicular, e não conseguem mais realizar sozinhos os cuidados preventivos caseiros. São pessoas em potencial, que precisam da nossa ajuda, do nosso cuidado. Com certeza esses pacientes e seus familiares se sentirão felizes em encontrar dentistas que ofereçam tratamentos preventivos específicos para cuidar da saúde bucal desta população. Ainda mais hoje, cujo mercado nos oferece produtos profissionais diferenciados, como creme dental com 5000 ppm de flúor, indicado para o tratamento da cárie radicular, e produtos a base de glicina para serem usados com equipamentos de jato de profilaxia. A glicina é um aminoácido hidrossolúvel, de baixa agressividade – e portando, pode ser usado com segurança em áreas de dentina exposta sem causar qualquer tipo de dano – de sabor adocicado que pode ser usada com segurança em pacientes hipertensos, diferente do bicarbonato de sódio. Conseguem visualizar o valor agregado em oferecer um tratamento preventivo com esse diferencial para pacientes especiais?

Como terceiro e último argumento, deixamos aqui alguns observações sobre os benefícios para o profissional em oferecer manutenção preventiva regular dos tratamentos curativos, principalmente os reabilitadores. Da Rosa Rodolpho et al, em 2007, publicou um dos artigos mais lidos e citados tanto na literatura acadêmica como em congressos de odontologia estética. Os autores mostraram que restaurações de resinas compostas em dentes posteriores se apresentaram viáveis após 22 anos em boca. Sabem qual foi uma das justificativas dos autores para esse resultado incrível? Os pacientes participantes do estudo participavam regularmente de consultas de manutenção preventiva.

Mas o que nós profissionais ganhamos efetivamente com os argumentos acima sobre prevenção? Tratamentos preventivos e de manutenção são mais rápidos, mais leves, exigem menos do nosso corpo e o custo é menor comparado a substituição de uma restauração ou prótese, por exemplo. Portanto, precisamos investir em tocar emocionalmente nossos pacientes para que eles se convençam que eles também estão ganhando longevidade no tratamento e ganhando saúde ao participar de programas de prevenção e manutenção. A neurociência nos mostra que o ser humano toma decisões baseado em emoções. Se nossos argumentos te convenceram que seu trabalho será mais leve e mais rentável com tratamentos preventivos, chegou a hora de você tocar seu paciente para que ele valorize a prevenção e compre a ideia que prevenir é barato e faz muito bem!

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Dra. Patrícia dos Santos Jardim
Professora de Dentística da Universidade Federal de Pelotas-RS
Mestre e Doutora em Dentística – UNESP – Araraquara
Autora do Blog Opalini | Odontologia Descomplicada

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