A doença periodontal (ou doença gengival), como o próprio nome sugere, atinge gengivas, osso e ligamento periodontal, que são as fibras que ligam a raiz do dente ao osso.
A gengiva é um tecido fibroso resistente que impede a penetração de bactérias para o meio interno e suporta o atrito dos alimentos. Na saúde, ela apresenta cor-de-rosa, firme e bem aderida aos dentes, seguindo exatamente o seu contorno.
Entretanto, quando a gengiva se apresentar avermelhada, retraída, inchada e sangrando durante a escovação ou mastigação, estaremos diante de uma gengivite (inflamação da gengiva). Sem tratamento adequado, a doença pode atingir o periodonto, que é o conjunto formado pelo cemento (tecido mineralizado que reveste a raiz do dente), o ligamento periodontal e o osso. Quando essas estruturas são atingidas, estamos diante de uma periodontite (inflamação do periodonto). Neste caso, há perda de estrutura óssea, levando consequentemente à perda de um ou mais dentes.
A gengivite pode atingir pessoas de qualquer idade, já a periodontite é mais frequente em pessoas acima de 25 anos. A principal causa dessas doenças é a placa bacteriana, hoje também chamada de biofilme. Ela se acumula no colo dos dentes e quando calcificada constitui o cálculo dental ou tártaro. Neste meio, as bactérias multiplicam-se e liberam toxinas. O organismo, por sua vez, responde através de um processo inflamatório do qual decorre o primeiro sinal da alteração gengival, o sangramento.
As pessoas devem ficar atentas a alguns sinais como:
- sangramento gengival;
- mau hálito;
- gengivas vermelhas, inchadas e sensíveis;
- gengivas retraídas;
- pus entre a gengiva e o dente;
- mobilidade dental;
- normalmente não há dor.
Infelizmente, a periodontia e as doenças que atingem o periodonto ainda são relativamente desconhecidas da população em geral. Pesquisas recentes revelaram que a grande maioria das pessoas desconhece as causas e as consequências da doença periodontal, que chega a atingir 75% da população maior de 25 anos de idade.
Outro fato que tem exigido muita atenção do meio médico-odontológico são as pesquisas que mostram a inter-relação das doenças periodontais com as doenças sistêmicas (como osteoporose, diabetes, nascimento de crianças prematuras e de baixo peso, doenças respiratórias e cardíacas).
A hipótese é de que os microrganismos da cavidade bucal, no caso os microrganismos presentes na periodontite, podem migrar pela corrente sanguínea para órgãos como o coração, pulmão e outros.
As doenças cardiovasculares que afetam milhões de brasileiros podem ser prevenidas controlando seus fatores de risco, entre eles as doenças periodontais. Sabe-se que pessoas com doenças periodontais são duas vezes mais suscetíveis a doenças cardíacas do que aquelas pessoas com gengivas saudáveis.
Outra relação entre a doença periodontal é com o diabetes, onde um pode exacerbar o outro. A periodontite pode ter impacto no controle metabólico do diabetes. Sendo ela uma inflamação crônica, tem o potencial de aumentar a resistência à insulina, piorando o controle glicêmico.
A gengivite e a periodontite maternas também podem ser um fator de risco para o nascimento de bebês prematuros. Acredita-se que as bactérias e os mediadores inflamatórios provenientes da periodontite podem exercer um efeito negativo na unidade feto-placentária.
Todos os estudos existentes mostram uma relação entre as doenças citadas e a periodontite, mas não se sabe se esta é causal. É evidente que mais pesquisas são necessárias.
Cirurgião Buco Maxilo Facial, doutorando e especialista em implantodontia, mestre em periodontia. Responsável e apresentador do programa Falando com o Doutor, transmitido em São Paulo pela Rádio Mundial (95,7 Mhz FM e 660 KHz AM) todas quartas-feiras às 7:30 h. Proprietário da Clínica Odontológica Paglia, há mais de 30 anos, situada na zona norte de São Paulo. Responsável pela consultoria científica da Microplant.