“Aprendamos princípios em lugar de métodos. A mente treinada em princípios criará seus próprios métodos”.
Autor desconhecido
A palavra física é originária do grego phýsis que significa natureza. Portanto, Física é a ciência que estuda a natureza, daí o nome Ciências Naturais. Em qualquer ciência, os acontecimentos ou ocorrências são chamados de fenômenos.
O homem, através dos seus sentidos, percebeu os fenômenos naturais e os classificou de acordo com o órgão empregado na observação. Ouvir o som de um trovão pode ter sido o fator desencadeante para a origem da acústica, assim como, ver a luz de um relâmpago o foi para a óptica, e o movimento, fenômeno mais comum na vida diária, para a mecânica.
Mecânica é a ciência que estuda os movimentos. Biomecânica, por conseguinte, estuda os movimentos dos seres vivos. Por extensão, biomecânica implantodôntica é o estudo da dinâmica dos seres vivos portadores de implantes dentais e seus efeitos. Dos problemas apresentados pela implantodontia, parte deles está relacionada a uma biomecânica inadequada.
Neste artigo, exporemos de maneira genérica e resumida a Fundamentação da implantodontia. Explanaremos os fatores relacionados à biomecânica adequada e daremos sugestões para uma maior eficácia e manutenção do equilíbrio com o sistema, conjunto sabidamente extremamente complexo.
Fundamentação da implantodontia
O exercício da odontologia como um todo, e o da implantodontia em particular, está fundamentado em um único princípio: o controle dos fatores traumatogênicos.
Fatores traumatogênicos são estímulos capazes de gerar um trauma. Trauma é todo estímulo com intensidade, frequência e/ou duração capaz de alterar a fisiologia celular. Os traumas possíveis de alterar os tecidos são: o térmico, o mecânico, o químico, o elétrico, o radioativo e o psicológico.
Na clínica geral, numa das intervenções mais simples a ser executada, a profilaxia, o objetivo é eliminar o fator traumatogênico químico. A remoção imediata de tecido cariado evita que o fator traumatogênico químico atinja parâmetros traumáticos e lese a polpa. Uma boa adaptação de uma coroa total sobre um dente natural diminui a possibilidade de instalação do trauma químico. Um ajuste oclusal adequado, por sua vez, impede que forças atuem sobre os tecidos com alta intensidade, que poderiam gerar um trauma mecânico.
Na implantodontia osseointegrada, todos os requisitos para o sucesso visam controlar os fatores traumatogênicos. A necessidade de que o material com o qual o implante é confeccionado seja biocompatível encerra, entre outros fatores, que ele desenvolva a menor intensidade elétrica possível junto aos tecidos. O desenho e a superfície do implante, em um primeiro momento, devem propiciar sua estabilidade no osso e, quando em função, devem dissipar adequadamente as forças mastigatórias para que não atinjam os tecidos com intensidades traumáticas. O sítio ósseo deve estar sadio, livre de alterações traumáticas químicas ou radioativas. Durante o reparo ósseo, em função ou não, o implante não pode ser desestabilizado por um trauma mecânico. Desestabilizá-lo levaria a interposição de tecido conjuntivo fibroso na sua interface, impedindo a osseointegração. A prótese e os componentes protéticos devem permitir que a força mastigatória seja dissipada harmonicamente para que o trauma mecânico (ou a fadiga, em se tratando de materiais) não se instale em quaisquer pontos do seu percurso.
É considerado um melhor implantodontista o profissional que melhor identifica, controla e/ou elimina os fatores traumatogênicos, garantindo o conforto ao paciente e aumentando a longevidade dos seus trabalhos.
Biomecânica implantodôntica adequada
A biomecânica implantodôntica pode ser dividida em Biomecânica Intrínseca e Biomecânica Extrínseca.
A biomecânica estará adequada quando a biomecânica intrínseca, em conjunto com a biomecânica extrínseca, estiver equilibrada com o sistema, também equilibrado. Entenda-se por sistema o paciente na sua totalidade.